sábado, 3 de novembro de 2012

Convivência do Programa de Alimentação Escolar e das cantinas


A idade escolar é um período em que a criança tem um metabolismo muito mais intenso quando comparado ao do adulto.
  
Sendo assim, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), presente nas escolas públicas do país, visa atender às necessidades nutricionais desses alunos durante sua permanência em sala de aula, por meio da distribuição de refeições. 


Existem muitos aspectos que podem levar o aluno a recusar a merenda escolar e dar preferência ao alimento da cantina. 
A merenda escolar muitas vezes é encarada como sendo apenas para o aluno carente e desnutrido, o que é errado. A merenda escolar é a refeição para manter o aluno alimentado enquanto permanecer na escola, independentemente de sua condição socioeconômica, e não como mecanismo para erradicar a desnutrição.
Além dos aspectos socioeconômicos, fatores estruturais do Programa de Alimentação Escolar também podem reduzir essa aceitação da merenda escolar.
Estudos relatam que as preparações do cardápio e as condições de distribuição das refeições poderiam ser reformulados para sua adequação e melhor aceitação, ou seja, de acordo com as preferências dos escolares. “Segundo os autores, tendo por base pesquisa realizada com alunos de unidades de ensino de Piracicaba (SP), substancial parcela dos escolares revelou não gostar de algumas preparações oferecidas, merecendo destaque as sopas (75%), presentes pelo menos duas vezes por semana no cardápio das escolas. A temperatura das refeições, o tempo disponível para consumo e o desconforto dos refeitórios foram fatores citados pelos alunos como inadequados”.


Nas unidades de ensino brasileiras que encontram-se disponíveis os serviços das cantinas/lanchonetes escolares são grandes as quantidades de alunos que consomem alimentos comercializados nesses estabelecimentos. É preciso orientar os alunos sobre os atributos dos alimentos que são comercializados nesses locais, freqüentemente com elevada densidade energética, como é o caso de balas, lanches, salgados do tipo chips, refrigerantes e doces.


De certa maneira é até confuso para o aluno ter que escolher entre a distribuição da merenda escolar e a comercialização de alimentos pelas cantinas, ou seja, gera dificuldades para que os escolares selecionem, de maneira mais adequada, os alimentos que devem integrar sua pauta alimentar. O que chama a atenção das crianças, segundo os estudos, é a oportunidade de poder selecionar os alimentos na cantinas escolares, o que não é um problema, desde que seja previamente e devidamente orientado na sua escolha.


“Em face do exposto, ressalta-se a importância da escola como ambiente no qual as informações e conhecimentos adquiridos em sala de aula possam ser concretizados, com vistas a reduzir essa dicotomia teoria–prática. Os educadores devem ensinar os alunos a optar pelo melhor, instruindo sobre os efeitos que cada tipo de alimento pode causar ao organismo, visando evitar, por exemplo, que um alimento menos nutritivo se transforme na principal refeição da criança”.


“Sendo assim, há necessidade de desenvolver programas de educação nutricional que envolvam escolares e seus familiares, além de orientação e treinamento para os arrendatários das cantinas, com vistas a selecionar tipos de preparações mais saudáveis para o grupamento de alunos, como por exemplo, a inclusão de alimentos com menor conteúdo de gorduras, açúcares e sal”.


“A elaboração de portarias, por gestores dos estados e municípios, que regulamentam o funcionamento das cantinas, pode ser considerada um importante passo em direção à transformação da escola em um ambiente facilitador para escolhas alimentares adequadas. Ressalta-se, no entanto, a importância de programas de educação nutricional que envolvam alunos e familiares para consolidação de hábitos alimentares saudáveis”.

Fonte: "DANELON, M. A. S, DANELON, M. S, SILVA, M. V. Serviços de alimentação destinados ao público escolar: análise da convivência do Programa de Alimentação Escolar e das cantinas. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 13(1): 85-94, 2006"

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